Por
Jeferson Galdino
Vivemos
num mundo que se encontra fragmentado, mundo este que fragmentou um dos
sentimentos mais belos que existe, fragmentou o sentimento do amor e nós somos
responsáveis por isso, porque os nossos atos acarretam sérias consequências.
Hoje há uma certa exacerbação do eros, fugindo assim, do real sentido
desse amor que parte em si apenas da prevalência do corpo humano, esquece-se
cada vez mais que o amor não é apenas um inebriamento descontrolado, mas é
também agape, eros e agape são, ambos dimensões do amor,
compreendido eficazmente torna-se uma unidade na dualidade.
O
Papa Emérito Bento XVI em sua primeira encíclica "Deus caritas est" (Deus é amor) aprofunda o tema do amor
e busca purificar o sentido do amor eros que foi deturpado nos últimos tempos,
ele nos diz que "o eros degradado a puro sexo torna-se
mercadoria, torna-se simplesmente uma 'coisa' que se pode comprar e
vender; antes o próprio homem torna-se mercadoria". Precisamos,
urgentemente, purificar o sentimento do amor! Juntar os cacos, os pedaços desse
amor que foi fragmentado e reduzido apenas ao prazer momentâneo, ao
inebriamento da "loucura divina". Bento XVI nos mostra que é
imprescindível apresentar no mundi atual o eros purificado, ou seja, é preciso
purificar essa dimensão do amor, pois "o eros quer nos livrar 'em êxtase' para o
Divino, conduzir-nos para além de nós próprios".
Dessa
forma, precisamos apresentar o amor em seu sentido mais puro e eficaz. o amor
não é uma fragmentariedade, mas uma unidade entre o eros e a agape, como bem nos mostra o Papa Emérito
Bento XVI. É imprescindível para o viver cristão e para o viver em si mesmo,
compreender esta unidade, pois o amor é um dar-se ao outro, é um renunciar a si
próprio, o doar-se exige renúncia de ambos os lados, tanto do homem como
da mulher, é a renúncia do ser humano em si. "Agora o amor torna-se
cuidado do outro e pelo outro. Já não se busca a imersão no inebriamento da
felicidade; procura, em vez disso, o bem do amado: torna-se renúncia, está
disposto ao sacrifício, antes, procura-o" (Deus Caritas est, 07).
Assim
sendo, a fragmentariedade do amor na sociedade hodierna encontra sua unidade,
sua junção, sua resposta no amor de Deus pelo homem, pela humanidade. Com isso,
o próprio Papa nos afirma: "esta unificação não é confundir-se, um
afundar-se no oceano anônimo do Divino; é unidade que cria amor, na qual
ambos -Deus e o homem - permanecem eles mesmos, mas tornando-se plenamente uma
coisa só" (Deus caritas est, 10). Portanto, percebemos com toda essa
reflexão que "o amor cresce através do amor", o eros e a agape formam uma unidade eficaz que
constitui e dá sentido a todo o viver humano.