Nestes últimos minutos do
pontificado do Papa Bento XVI, gostaria de expressar minha estima, meu respeito
e minha reverência a este homem que dá um belo testemunho de humildade ao
deixar a Cátedra de Pedro. Enfim, gostaria de transmitir-vos (como muitos
sabem) meu amor pelo Sumo Pontífice, amor este que foi colocado em meu coração
pelo próprio Jesus Cristo.
No início de seu
ministério petrino percebemos sua profunda humildade: “Neste momento, eu,
frágil servo de Deus, devo assumir esta tarefa inaudita, que realmente supera
qualquer capacidade humana. Como posso fazer isto? Como serei capaz de o fazer?
(...) O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não
perseguir ideias minhas, pondo-me contudo à escuta, com a Igreja inteira, da
palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele
mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história.”[1]
Trago dentro de mim que
uma vida doada ao Reino de Deus é uma vida feliz, e tenho a certeza que esta
felicidade preenche todo o coração, pois este mesmo coração se encontra
inquieto enquanto não repousa em Deus, como bem nos lembra Santo Agostinho.
Bento XVI foi esta pessoa que buscou na sua vida, no seu pontificado a felicidade,
felicidade esta que como ele mesmo nos lembra em sua primeira encíclica Deus Caritas est, tem um nome, é uma
pessoa, Jesus Cristo.
Ele soube guiar a barca
de Pedro mesmo quando os ventos eram contrários, como ele mesmo nos afirma em
sua última catequese: “senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar
da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual
a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e
o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia
dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a
barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua” [2].
Aquele que daqui a uma
hora será o nosso Papa Emérito, amou a Igreja de Cristo mesmo nos momentos de
sérias decisões, aliás, continuará amando até os últimos suspiros de sua vida,
como ele mesmos nos diz: “Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer
opções difíceis, árduas, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não nós
mesmos”[3].
Uma vida doada à Vinha do Senhor, um fiel servidor da Igreja Católica, um homem
que sacudiu o mundo com suas palavras de renúncia: “Depois de ter examinado
repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as
minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer
adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este
ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras
e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando” [4].
O nosso querido papa
nos deixa o legado de um verdadeiro homem de Deus, doado ao serviço da Igreja
do Senhor e ao próximo, preocupado com a juventude, e assim ele nos diz: “Hoje,
não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com
clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo
contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina
esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor
inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou
esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e
ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus
discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de
vida nova”[5].
Assim sendo, o Papa
Bento XVI deixará saudades, disso temos certeza! Mas deixará, sobretudo um
exemplo de um homem que soube em todos os momentos de sua vida viver o
Evangelho.Foi o protótipo de um homem que soube em sua vida fazer a vontade de Deus,
viveu o Fiat voluntas Tua! E
continuará a viver. Obrigado Senhor pelo papa que nos destes, que destes a tua
Igreja, obrigado pelo sucessor de Pedro!
Encerro esta reflexão
de agradecimento pelos quase oito anos de pontificado do Papa Bento XVI com as
próprias palavras dele em sua última catequese enquanto ainda exercia o
ministério petrino: “Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e
sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a
única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no
coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao
nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor.
Obrigado!”[6]
Por Jeferson Galdino
[1] Homilia do Papa Bento
XVI no início do seu ministério petrino, no dia 24 de Abril de 2005.
[2] Última Catequese de Bento XVI, na
Praça São Pedro no dia 27 de Fevereiro de 2013.
[3] Ibdem.
[4] Declaração de Renúncia, no Consistório
para algumas Causas de Canonização, no dia 11/02/2013.
[5] Mensagem Do Papa Bento XVI para
A XXVIII Jornada Mundial Da Juventude No Rio de Janeiro, em Julho de 2013.
[6] Última Catequese de Bento XVI, na
Praça São Pedro no dia 27 de Fevereiro de 2013.