Partilho com vocês um texto sobre o ser padre do bispo auxiliar de Aracaju, Dom Henrique Soares da Costa. Espero que gostem!!
"O sacerdócio somente pode ser compreendido na fé. Ele nasce de um plano do Senhor, que estabeleceu que na sua Igreja, desde as origens houvesse pastores que agissem em seu nome e na sua pessoa. Para isso, desde o princípio, ele chamou alguns dentre os discípulos; os Doze primeiros ordenaram sucessores, os Bispos, que, por sua vez, repartiram com auxiliaress a missão e a autoridade recebidas: os Presbíteros ou Sacerdotes e os Diáconos. Assim, na Igreja de Cristo, o ministério ordenado, isto é, o ministério enquanto instituição divina, articulado desde os tempos apostólicos, consiste no ministério episcopal e seus colaboradores, Presbíteros e Diáconos.
É aqui que se insere o sacerdócio. O padre é, antes de tudo, alguém chamado pelo Senhor, que não escolhe os melhores, os mais capazes; escolhe os que ele quer (cf. Mc 3,13), de acordo com uma lógica que, sinceramente, nos escapa. Esse chamado repercute no coração de quem foi escolhido e é confirmado pela Igreja, que reconhece na pessoa alguém apto para o ministério. Assim sendo, a primeira atitude de quem foi chamado é de admiração e de gratidão pela escolha do Senhor...
O escolhido recebe um selo, uma marca, um caráter, dado pelo Espírito Santo do Cristo ressuscitado, que o torna para sempre apto para agir fazendo as vezes do Cristo, Cabeça de sua Igreja. Esse selo é indelével: não vem da Igreja; é dado pela Igreja através do Bispo que ordena o novo padre, mas não vem da Igreja: vem de Deus que é fiel e jamais retira o dom que concede! Ser padre não é primeiramente um fazer; é um ser, ser bem específico: ser representação viva, verdadeira, profunda, existencial de Jesus Cristo que deu a vida pelo rebanho e por toda a humanidade. Ser padre marca toda a vida de uma pessoa, pois não se trata de uma profissão, mas de um estado de vida, uma vocação.
Essa missão concretiza-se em três tarefas bem específicas que o padre deve exercer em nome e com a autoridade do Senhor. Primeiramente, a missão de anunciar a Palavra de Deus, o Evangelho do Reino dos Céus que Cristo veio proclamar. O padre é um homem da Palavra, uma Palavra que não é sua, mas do Senhor. Esta missão, o sacerdote a realiza na homilia da Missa, na catequese, no aconselhamento, nas aulas, sempre que fala como ministro de Deus, em nome de Cristo, para testemunhar o Senhor e orientar o rebanho. Por isso, não se espera do padre opiniões privadas, mas a Palavra de Cristo tal como é conservada e proclamada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo. E a Palavra do Senhor tantas vezes incomoda, questiona, coloca em crise. Dessa Palavra santa, o Padre não é dono, proprietário, mas servidor: ele é o primeiro que será julgado pela Palavra que proclama!
Uma segunda tarefa é aquela de pastorear, dirigir o rebanho em nome do Cristo. Ele não é o dono do rebanho: é o pastor, que dá a vida pelas ovelhas! O sacerdote tem, pois, a missão de dirigir, de coordenar, orientar, discernir e organizar as várias atividades, os vários dons que o Espírito do Senhor suscita na comunidade. Ele sempre deverá recordar-se que o rebanho pertence a Cristo e que sua grande honra é conduzir esse rebanho ao Senhor, sem oprimir, sem estropiar, sem usar as ovelhas. Essa missão de pastor jamais pode ser compreendida funcionalmente, burocraticamente! É com carinho de pai (quem não seria um bom pai de família, jamais será um bom padre!), com afeto quase que materno, que o padre deve cuidar de seu rebanho. Ele não pode ser um solteirão azedo, mas alguém realizado, com o coração cheio de compaixão, ternura e doçura em relação ao seu rebanho. Por isso mesmo o Povo de Deus o chama “padre”, pai.
A terceira tarefa fundamental do padre é a sacerdotal, de santificar o rebanho em nome de Cristo, rezando pelo rebanho, celebrando os sacramentos e, sobretudo, celebrando para o Povo de Deus e com o Povo de Deus, a Eucaristia, isto é a Santa Missa. Quanto é comovente introduzir os fiéis no mistério de Deus pelo Batismo, perdoar os pecadores pelo sacramento da Penitência, selar o amor do homem e da mulher cristãos pelo Matrimônio, aliviar a dor do corpo e da alma dos enfermos pela Santa Unção. Como é belo abençoar, ser canal da bênção e da graça que promanam do Coração aberto do Cristo Salvador! Mas, é sobretudo ao celebrar a Eucaristia que o padre se realiza! Aí, mais que em qualquer outro momento, mais que em qualquer outra atividade, o sacerdote age na pessoa de Cristo: já não é ele quem realiza; é Cristo mesmo quem realiza nele e através dele!
Ora, se essa missão do padre abarca toda a sua existência, ele deve fazer de toda a sua vida uma doação aos outros por amor de Cristo. E isso é expresso de modo particularmente visível no celibato sacerdotal. O padre não casa para ser sinal de pertença total ao Senhor e de doação total ao rebanho..."
(Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/)
Atenciosamente,
Jefferson Galdino